Assim como ocorre com bovinos e ovinos, a pastagem é considerada a forma mais barata e eficiente para a alimentação de equinos. Mas, diferentemente do que muita gente pensa, o pasto para cavalo não costuma ser o mesmo que aqueles oferecidos a outras categorias de animais.
O comportamento nutricional dos equinos é diferenciado. Por isso é preciso escolher a pastagem ideal e ponderar cuidados para ter um bom pasto para cavalo, em qualidade e quantidade, sendo esses um dos maiores desafios para criadores de cavalos.
Esse é também o seu desafio? Vamos ajudá-lo a entender melhor qual é o comportamento desses animais e qual é o melhor pasto para cavalo. Confira!
Comportamento nutricional dos equinos: cada categoria tem sua exigência
Cavalos são seres herbívoros e ficam pastando por cerca de 10 a 12 horas/dia, com períodos intercalados de descanso. Logo, o alimento volumoso é o principal alimento da dieta. Dessa forma, um pasto para cavalo deve passar necessariamente pela busca de quantidade e qualidade da pastagem.
Vale lembrar que, diferentemente dos bovinos de corte, os equinos não recebem, via de regra, alimentação para somente ganhar peso. Sendo assim, um bom pasto para cavalo deve ser escolhido para que atenda a cada uma das necessidades dessa categoria animal, seja ela de manutenção, crescimento, reprodução ou trabalho.
Baseado nisso, o manejo nutricional de equinos deve ser direcionado de acordo com a modalidade que praticam. Em regra, cavalos de explosão devem consumir uma dieta rica em carboidratos. Já os de resistência, exigem um trato mais rico em gordura. Potros, éguas no terço final de gestação e em lactação exigem maior quantidade de proteína bruta.
Ponderar essas diferenças é fundamental!
Mas, afinal, qual é o melhor pasto para cavalo?
Como já visto, escolher a pastagem mais adequada é fator determinante para o sucesso da equideocultura. Assim, a escolha do pasto para cavalo deve se basear nas seguintes características:
- Apresentar boa vegetação, capaz de cobrir todo o terreno, além de boa cobertura do solo.
- Permitir o rápido rebrote.
- Apresentar boa aceitação pelo animal.
- Apresentar alto teor de proteínas e fibras.
Além disso tudo, na hora de escolher pelo melhor capim, é importante considerar ainda o ponto de corte ideal, tanto para o pastejo, fenação ou capineira quanto para o corte propriamente dito.
Baseado nessas características, entre os tipos de capim mais indicados para equinos, temos: Tamani, Massai, Quênia, entre outros, como os Cynodons (tifton, coastcross). Essas espécies de pasto que o cavalo pode consumir apresentam boa aceitação pelos animais, além de bons valores nutritivos e de proteínas. Também oferecem facilidade de manejo, com o plantio ocorrendo por mudas ou sementes.
Cuidado com a desinformação! As consequências podem ser graves
Mesmo sendo uma categoria animal bastante difundida no Brasil, com quase 6 milhões de animais, ainda há muita desinformação sobre qual é o “melhor pasto para cavalo no Brasil”, e isso pode trazer seríssimas consequências.
Uma dessas desinformações tem relação com o uso do capim Massai (Panicum) para equinos. Embora seja uma excelente gramínea para o gado, a recomendação é que se tenha cuidado com seu manejo com cavalos, pois falhas podem causar injúrias nos animais.
Quando foi desenvolvido, o capim Massai era caracterizado como sendo uma forrageira de bastante folha e pouco talo, com o animal devendo comer bastante folha com o mínimo de talo. Entretanto, quando os equinos têm acesso ao capim Massai já com muitos talos, podem sofrer com a constipação do sistema digestivo, gerando cólica — que pode caminhar para a morte dos animais.
Então não é recomendado ofertar Capim Massai aos cavalos?
Não é bem assim! Há uma simples solução recomendada por especialistas para o uso do pasto de Massai. Essa solução é baseada em dividir o piquete em algumas unidades (duas, três ou quatro), manejando-as para que haja sempre pastejo em cima de folhas, nunca de talos, mantendo sempre a altura de entrada em torno de 50 cm e saída de 30 cm.
Ainda sobre o capim Massai, é interessante lembrar que os casos de intoxicação e cólica por esse capim em equinos são comprovados em regiões mais ao Norte do país, como regiões amazônica, sul do Pará e norte do Mato Grosso, principalmente durante a estação chuvosa, quando a planta está em fase de brotação, apresentando maior concentração de carboidratos não fibrosos.
Portanto o capim Massai pode ser indicado para a alimentação de equinos, desde que haja um correto manejo para manter a qualidade e a quantidade da produção de biomassa dessa pastagem.
Pastos de forrageiras como Mombaça, Zuri e Tanzânia podem ser consumidos pelo cavalo, porém, se passarem do ponto de manejo, podem causar danos à boca dos animais. O ideal é ter esses pastos para os bovinos e, caso precise, é possível soltar cavalo, que poderá comer, porém pode ser muito difícil manter o manejo de um pasto exclusivo para cavalo.
As forrageiras do gênero Brachiaria spp não são consumidas por cavalos, somente as Humidicolas (Comum e Llanero ou Dictyoneura), que o cavalo come, porém tem baixa qualidade e podem causar doenças quando em pasto exclusivo, como a “cara inchada”, que está relacionada a uma deficiência nutricional. Então dá para colocar cavalo, mas não recomenda-se pasto exclusivo.
Já o Tamani, Massai e Aruana, têm menor altura, fácil manejo e boa qualidade, sendo bem aceitos pelos cavalos, portanto seriam as melhores opções de pastagem exclusiva. As gramas como do gênero Cynodon também são bem aceitas, porém somente são propagadas por mudas, o que pode dificultar e encarecer seu plantio.
Por fim, cabe salientar que não existe um pasto para cavalo que seja “milagroso”. Como toda planta forrageira, cada uma apresentará uma melhor adaptação ao seu sistema, seu solo e clima, indicando suas vantagens e suas limitações, lembrando que a forrageira fará parte da nutrição do animal, tendo que ser levada em conta na hora de planejar a ração, a quantidade de nutrientes da pastagem e corrigir a falta de algum nutriente com suplementação quando necessário.
Por isso a escolha deverá se basear na disponibilidade econômica, capacidade de manejo, disponibilidade de sementes de pastagem para cavalo e objetivos da atividade.