Depois do período de secas, a pecuária brasileira está, enfim, retornando às chuvas — período caracterizado pelas temperaturas mais elevadas e chuvas regulares, que favorecem a produção animal a pasto. Porém, com as chuvas, aparecem também o ataques de cigarrinhas das pastagens.
Essa praga tem por característica sugar a seiva dos capins, danificando suas folhas e “queimando” o pasto. Os ataques de cigarrinhas são capazes de reduzir a capacidade produtiva da pastagem, comprometendo a alimentação do gado — que pode apresentar queda de peso — resultando em prejuízos econômicos.
Mas, há medidas de controle que o pecuarista pode (e precisa) fazer para que os efeitos do ataque de cigarrinhas sejam reduzidos.
Esse controle baseia-se na adoção de métodos químicos ou biológicos, além da adoção de cultivares resistentes à cigarrinha.
Quer conhecer as medidas e proteger a sua plantação? Então acompanhe nosso conteúdo de hoje.
Conhecendo o ciclo de vida das cigarrinhas
Os ataques de cigarrinhas iniciam-se geralmente nos meses de setembro e outubro, representados pelo início das chuvas. Nesse período ocorre a eclosão dos ovos, que ficam no solo e resistem às condições adversas do período da seca, dando origem às ninfas, a forma jovem da cigarrinha.
Após a eclosão, as ninfas se alojam na base das gramíneas forrageiras, junto ao solo, onde permanecem envoltas por uma espuma que elas mesmas produzem.
O ciclo de vida das cigarrinhas costuma variar de acordo com cada espécie. Mas, em média, dura 53 dias: 15 dias no ovo, 35 dias na fase de ninfa e 3 dias para acasalamento e oviposição.
A longevidade dos adultos pode chegar a até 10 dias. Por isso, entre setembro e maio podem ocorrer até cinco gerações de cigarrinhas.
Vale lembrar que as ninfas das cigarrinhas tendem a causar menores dano, entretanto ataques de cigarrinhas adultas representam os maiores prejuízos.
Ao se alimentarem, os adultos introduzem substâncias tóxicas capazes de atrapalhar o transporte da seiva, além de causar a morte dos tecidos das plantas.
Em geral, as folhas atacadas pelas cigarrinhas secam a partir de suas pontas. Além disso, quando o número de insetos é grande, o crescimento da gramínea será reduzido drasticamente, deixando a pastagem completamente seca, com características de estar “queimada”.
Principais medidas de controle contra ataques de cigarrinhas
Algumas são as medidas para o controle das cigarrinhas nas pastagens, desde a utilização do controle biológico até a adoção do controle químico. Além disso, há a utilização de forrageiras resistentes aos ataques de cigarrinhas, que tendem a apresentar boa eficiência.
1 — Controle biológico de cigarrinhas
A primeira alternativa contra os ataques de cigarrinhas é a utilização do controle biológico por adoção do fungo Metarhizium anisopliae. Essa aplicação pode ser realizada com uso de pulverizadores costais, tratores equipados com pulverizadores ou aviões, tendo como benefício a não necessidade de retirar os animais da pastagem.
A vantagem desse método é que o fungo não prejudica o meio ambiente e não é nocivo à saúde humana. Além disso, o fungo tende a permanecer na pastagem por um tempo maior, desde que não haja dias ensolarados e secos até o seu estabelecimento.
2 — Controle químico de cigarrinhas
Neste método, são utilizados inseticidas capazes de combater os ataques de cigarrinhas. Essa aplicação só deve ser feita mediante análise ecológica (pois demanda o tratamento de áreas extensas) e econômica, relacionada ao custo do tratamento dessas áreas.
Por muitas vezes, o nível econômico do dano pode não ser facilmente determinado. Nesse caso, a sugestão é que o controle químico seja implementado após a constatação de uma população média entre 20 e 25 ninfas grandes (tamanho semelhante ao da cigarrinha adulta) por metro quadrado.
Além disso, no campo há ninfas de diferentes idades, por isso, em certas ocasiões será necessário fazer uma nova aplicação do produto químico após um intervalo de cinco a sete dias.
A principal desvantagem do controle químico é a retirada dos animais da área para a aplicação do inseticida.
3 — Controle integrado
Ataques de cigarrinhas nas pastagens são melhor controlados quando há um controle integrado, alinhando o químico e o biológico. Nesse sentido, alguns esquemas de controle apresentam maior eficácia.
Um desses esquemas indica o uso inicial do controle químico exatamente quando surgirem os primeiros adultos após o início da estação chuvosa. Nesse momento, os inseticidas irão agir, principalmente, sobre os adultos de cigarrinhas, já que as ninfas ficam protegidas pela espuma.
Após o controle químico inicial, devem ser realizadas as aplicações do fungo Metarhizium anisopliae (controle biológico) na dosagem mínima de 2,0 x 1012 conídios/ha (200 g de fungo puro) utilizando 200 a 300 litros de água/ha, quando aparecerem as ninfas da segunda e terceira gerações.
O nível de controle com o M. anisopliae, em condições de campo, varia de 10% a 60%, sendo necessária uma umidade alta, seguida de veranicos, e temperaturas na faixa de 25 ºC a 27 °C para a obtenção de bons resultados.
Vale lembrar que o sucesso desse método de controle de ataque de cigarrinhas depende de alguns fatores: qualidade e quantidade de fungo aplicada por unidade de área, método de aplicação, condições de temperatura, radiação e umidade no momento das aplicações.
Necessidade da adoção de cultivares resistentes
Apesar de serem bastante adotados, tanto o controle químico quanto o biológico apresentam baixa eficiência. Isso porque os produtos biológicos apresentam, de modo geral, baixa qualidade, sendo necessária uma série de cuidados no momento da aplicação.
Já os produtos químicos de ação sistêmica proporcionam melhores resultados, porém o custo da aplicação costuma ser alto.
Dessa forma, para se obter bons resultados no combate aos ataques de cigarrinhas é importante sempre integrar o máximo de medidas preventivas.
Uma das medidas mais significativas é a utilização de espécies de pastagens resistentes ao ataque de cigarrinhas. Deve-se ter atenção na hora da escolha das cultivares de pastagens, pois algumas são mais tolerantes e outras apresentam menor tolerância ao ataque de cigarrinha.
Por isso, na aba “Produtos”, no site da SOESP é possível observar a tolerância ou não à cigarrinha de cada um das cultivares disponíveis.
Temos como destaque o capim BRS Ipyporã, que é a única braquiária resistente a todas as espécies de cigarrinhas que atacam pastagem,, assim como as panicuns (Tanzânia, Mombaça, Zuri, Massai e Tamani), que também apresentam boa tolerância.
Por outro lado, outras cultivares devem ser evitadas, tais como Brachiaria Decumbens, Brachiaria Brizantha CV. La Libertad (MG-4) e Brachiaria Ruziziensis, que são altamente susceptíveis aos a ataques de cigarrinhas.
Você quer conhecer as variedades de pastagens mais tolerantes aos ataques de cigarrinhas?
Fontes:
Embrapa orienta produtores sobre controle da cigarrinha-das pastagens