Até o início da década de 80, a pecuária brasileira esteve marcada por grandes áreas de pastagens com gado, estas tinham um manejo contínuo, extensivo e pouco produtivo, diante das características que se apresentavam.
Mas a pecuária evoluiu e com ela o interesse em aumentar a produtividade das pastagens evoluiu junto. Assim, técnicos e pecuaristas começaram a adotar o pastejo rotacionado, que proporciona maior otimização e controle das variáveis da pastagem.
Neste artigo veja quais diferenças entre os manejos contínuo e o rotacionado e saiba como é possível ser produtivo nas duas estratégias.
Conceitos, vantagens e desvantagens de cada sistema de manejo de pastagens
Basicamente, todo manejo de pastagem tem por objetivo produzir o maior número de plantas possíveis em determinada área, com estas tendo maior proporção de folhas em relação a colmos (talos) e material senescente (morto).
Para conseguir isso, duas são as formas mais usuais de métodos de pastejo: contínuo e rotacionado.
Contínuo
Neste sistema os animais são alocados integralmente em uma área determinada. É priorizado o ganho de peso individual por oferecer maior área disponível para pastejo por animal, o que favorece a seleção das partes mais preferenciais da planta para consumo, como as folhas.
Como vantagens, esse sistema:
- Apresenta menor necessidade de mão de obra;
- Exige investimento inicial pequeno.
Porém, na maioria dos casos, no pastejo contínuo, a pastagem tende a ficar desuniforme com áreas de superpastejo e subpastejo, pois o ajuste deve ser feito através da carga anima, se está passando de uma altura determinada é necessário tirar animais e se está passando deve ser colocado mais. Além disso, se mal manejado, causa a degradação do pasto ao longo do tempo, pois uma parte que está rebrotando é mais atrativa ao animal do que uma parte que já está com talos e mais alta.
Rotacionado
Neste método, a pastagem é subdividida em três ou mais piquetes. Estes são pastejados em sequência por um ou mais lotes de animais.
Este método de pastejo é utilizado geralmente em sistemas intensivos de produção. Demanda maior mão de obra e exige um manejo mais avançado da propriedade com nível de tecnificação mais elevado, mas em compensação traz as seguintes vantagens:
- Oferece maior controle sobre a qualidade e quantidade das pastagens;
- Permite uma maior produção por unidade de área;
- Com os períodos de descanso, a pastagem se recupera sem a interferência dos animais, chegando à altura ideal para um novo pastejo;
- Evita a subutilização de áreas, ou seja, o pastejo é mais uniforme, maior eficiência é igual a maior produtividade do sistema.
Pode ser adotado em praticamente todo o Brasil e em todas as épocas do ano.
Por outro lado, comparado ao manejo contínuo, o sistema rotacionado demanda maiores custos e treinamento para sua implantação, principalmente para a correção do solo e adequação da estrutura (cerca elétrica, cochos e bebedouros).
É possível ser produtivo com o pastejo contínuo? E com o pastejo rotacionado?
Se fosse para citar o “melhor manejo”, certamente o pastejo rotacionado seria o vencedor!
Isso pode ser comprovado por meio de estudos realizados na Nova Zelândia. Estes comprovam a maior eficiência do pastejo rotacionado, quando comparado ao pastejo contínuo.
O pecuarista neozelandês conhece o comportamento de sua planta ao longo do ano, sabem exatamente a exigência de seus animais e o que a pastagem pode oferecer em cada estação do ano.
Com isso, conseguem aumentar e diminuir a velocidade da rotação, roçando pré ou pós-pastejo, trazendo mais animais de outras categorias para pastejar o excesso, ou seja, mantendo a taxa de lotação sempre em condições ideais, mas sem comprometer os custos da fazenda.
Nas condições brasileiras, o sistema rotacionado tem se mostrado bastante eficiente também, saltando de menos de 1 UA/ha (média nacional), para até 15 UA/ha, com essa eficiência variando de acordo com o nível de tecnificação da propriedade.
Pastejo rotacionado: quais espécies forrageiras adotar?
Quando o manejo é bem realizado e as características das plantas são respeitadas, todo tipo de forrageira pode ser utilizada em pastejos rotacionados.
Destaque pode ser dado aos capins do gênero Panicum. Este gênero apresenta elevada produtividade de matéria seca e qualidade da forragem, porém é de porte alto e com grande capacidade de acúmulo de colmo, portanto deve ser manejado sob pastejo rotacionado.
Dessa forma, para o gênero Panicum, a altura do pasto é uma estratégia amplamente utilizada para nortear o manejo de pastagens, permitindo maior eficiência produtiva do sistema como um todo.
A literatura já dispõe dos valores das alturas de entrada e saída das mais utilizadas nos sistemas de lotação rotacionada, como podemos ver abaixo.
Porém, o entendimento das forragens, essencialmente no sistema rotacionado, precisa ir além da altura de entrada e saída dos animais. É preciso entender as folhas!
Quando a planta começa a crescer, ela acumula principalmente folhas. Mas chegará a um ponto em que o acúmulo de folhas é máximo. Desse ponto em diante, a planta começa a acumular talos, que naturalmente não é a preferência do gado, além de ter menor qualidade.
E por fim, é importante ressaltar que independentemente do sistema de pastejo adotado, é imprescindível respeitar os limites do solo e da planta. Somente assim será possível obter maior produtividade de forragem e maior lotação de animais por área.
Tanto no pastejo contínuo quanto rotacionado, as forrageiras podem apresentar crescimento vigoroso, proteção do solo e competição de forma mais vantajosa com as plantas invasoras (daninhas), resultando em menor gasto com limpeza e manutenção das pastagens.
Além disso, o manejo correto também contribui para melhorar a nutrição do rebanho e, consequentemente, aumentar seus índices produtivos, reprodutivos e sanitários.
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