Manejo da planta daninha em sistemas integrados de milho com pastagens

Entre os maiores problemas dos sistemas ligados à bovinocultura brasileira, a degradação das pastagens é, possivelmente, o maior deles. Estima-se que 60% das áreas de pastagens brasileiras apresentam algum estágio de degradação e a planta daninha é uma das causas mais importantes.

Para aumentar a sustentabilidade da atividade pecuária, muitos produtores adotam os sistemas integrados, capazes de recuperar ou reformar pastagens degradadas.

Entre os sistemas integrados possíveis, aquele que usa pastagens e milho é o mais comum. Mas esse sistema integrado também está sujeito à planta daninha e aos problemas causados por ela, por isso também precisa ser bem manejado.

Confira a seguir dicas importantes sobre o manejo da planta daninha em sistemas integrados de milho com pastagens.

Objetivos dos sistemas integrados

O consórcio de culturas anuais com pastagens vem sendo cada vez mais comum. Entre os principais objetivos, estão:

  • Garantir uma melhor cobertura do solo;
  • Pasto de qualidade para os animais, que trarão como resultado maior rentabilidade da propriedade;
  • Maior diversificação da atividade;
  • Recuperação de áreas degradadas;
  • Formação de palhada;
  • Redução da incidência de pragas, doenças e plantas daninhas.

Nesse tipo de sistema, o milho com pastagem se destaca devido às suas inúmeras aplicações dentro da propriedade agrícola, com alimentação animal na forma de grãos, de forragem verde ou conservada (caso da silagem), além da formação da palhada, ideal para, dentre outras coisas, evitar a proliferação de plantas daninhas.

Problemas causados pela planta daninha aos sistemas integrados

Independentemente da sua variedade, toda planta daninha interfere negativamente nas culturas, competindo por água, nutrientes e luz com a própria pastagem e com as outras culturas que compõem os sistemas, caso do milho.

Os principais problemas causados pela planta daninha são:

  • Produtividade afetada principalmente devido à competição;
  • Subpastejo nas áreas próximas às plantas daninhas, onde áreas superpastejadas em locais entre as moitas de plantas daninhas podem ter maior compactação e menor infiltração de água, o que também irá favorecer a planta daninha;
  • Queda na produtividade;
  • Significativa diminuição na carga animal, dependendo do nível de infestação;
  • Ambiente favorável para o desenvolvimento de parasitas externos;
  • Redução da qualidade do leite ou da produção de carne;
  • Maior competição com a cultura de interesse (milho, por exemplo).

Medidas de controle e manejo de plantas daninhas

Várias são as medidas de controle e manejo de plantas daninhas em sistemas integrados.

Mas deve ficar claro que todo o planejamento para implantação da integração com milho e pastagem deve começar na cultura antecessora, com o controle de possíveis invasoras, visando uma menor infestação futura.

Para isso, são usados diferentes variedades de herbicidas, formulados por meio dos 17 ingredientes ativos, tais como Bentazon; 2,4-D; Acetochlor; Ametryn; Amicarbazone, Atrazine, entre outros.

Porém, na atualidade  há aproximadamente 300 biótipos de plantas daninhas que apresentam algum grau de resistência a um ou mais mecanismos herbicidas.

O que ocorre, porém, é que essas resistências têm causado muita dor de cabeça aos produtores, principalmente devido à dificuldade de controle das invasoras e elevação do custo de aplicação.

Assim, outras estratégias precisam ser consideradas o quanto antes, como:

  • Rotação de diferentes mecanismos de ação durante o processo produtivo/safras;
  • Rotação de culturas e adoção de sistemas de integração, responsáveis principalmente por formar palhada para a cultura seguinte;
  • Redução do banco de sementes das plantas daninhas durante a entressafra;
  • Uso da braquiária que tem efeito alelopático sobre a buva e sobre o capim-amargoso (que são resistentes ao glifosato), entre outras estratégias.

O consórcio de culturas anuais com capim também é uma estratégia que pode ser realizada pelo produtor.

Ao fazer isso, o produtor terá melhor cobertura do solo em razão do aumento da palhada, assim ele consegue controlar a planta daninha com maior eficiência.

Tomamos como exemplo o capim amargoso, planta daninha caracterizada como um sério problema em todo o Brasil e que é resistente ao glifosato, mas que pode ser controlada por meio da palhada, pois a semente precisa de luz para germinar, além de dificultar a dispersão das sementes de amargoso pelo vento.

Porém é importante ter atenção ao desenvolvimento das plantas para que uma cultura não atrapalhe o desenvolvimento da outra. No caso do milho, uma das combinações mais utilizadas é a mistura de atrazine com nicosulfuron.

O atrazine irá controlar espécies daninhas de folhas largas. Já o nicosulfuron, aplicado em subdose (4 g i.a./ha), irá travar o desenvolvimento temporariamente das plantas de braquiária.

No fim, após a colheita do milho, há o restabelecimento da pastagem.

Independentemente das estratégias no manejo integrado da planta daninha, o produtor deve sempre partir do princípio que prevenir o desenvolvimento da planta daninha na área é “o melhor remédio”. Assim, ele conseguirá evitar problemas futuros bem maiores.

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