A pecuária brasileira sempre se caracterizou por ser uma atividade extensiva, o clima favorável e grandes áreas para pastagens favoreceram a produção ao longo da história – no entanto, o potencial produtivo da maioria das fazendas brasileiras sempre foi baixo, mas diante do avanço tecnológico e das exigências do mercado, o pensamento do pecuarista começa a mudar.
Assim, para o atual momento, cabe ao pecuarista ponderar duas opções: continuar investindo na compra e abertura de novas áreas – ou – intensificar a própria área da fazenda e otimizar sua produção.
Ajudaremos você a entender mais sobre essas estratégias de aumento da produção e qual delas é mais convidativa para o atual momento da pecuária brasileira.
Pecuária brasileira: muita degradação e baixo potencial produtivo
A história da pecuária brasileira é datada do século XVI, com os animais sendo utilizados exclusivamente para tração nas fazendas, funcionando como facilitadores do plantio. A partir do século XVII, o gado começou a ser criado de forma independente, visando também o abate.
A partir daí, houve uma rápida necessidade de expansão das áreas de pastagens. Com isso, surgiu a necessidade da pecuária aumentar suas fronteiras em busca de mais áreas de pasto, com a criação de gado se expandindo para a região centro-oeste.
Essa expansão das áreas persistiu por décadas, com o aumento da produção dependendo quase que exclusivamente da ampliação das áreas produtivas. Durante décadas, essa foi uma verdade pouco questionada.
Essa ideia se fortaleceu ainda mais durante a revolução verde, ocorrida a partir das décadas de 60 e 70. No cenário pós-guerra, com o surgimento de um conjunto de inovações tecnológicas aliado à crescente demanda por alimentos, fomentaram uma grande expansão das áreas produtivas no Brasil e no mundo.
Problemas começam a surgir com a abertura de novas áreas
De fato, a pecuária brasileira é baseada na atividade extensiva, com grande quantidade de animais em áreas maiores ainda. Porém, mesmo com expressivos resultados, essa estratégia de manejo começou a ter sua eficiência questionada em razão de alguns problemas.
O primeiro problema das fazendas brasileiras tem relação com o potencial produtivo de operação: muito abaixo do padrão, principalmente em razão do processo de degradação que, rapidamente, cresce em muitas áreas de pastagem de todo o país.
Estima-se que, em todo o mundo, cerca de 20% das pastagens (naturais e plantadas) estejam degradadas ou em processo de degradação. No Brasil, a degradação de pastagens é ainda mais séria, estando presente em todas as regiões da federação.
Para termos uma ideia, existem aproximadamente 170 milhões de hectares de pastagens nativas ou implantadas no país, das quais estima-se que cerca de 70 milhões estejam degradadas ou com algum grau de degradação e necessitem de alguma intervenção para reverter o estado em que se encontram.
O segundo problema: são grandes áreas de pastagens porém que suportam poucos animais. A maioria das áreas destinadas à produção pecuária utilizam o pastejo contínuo, onde a área de pastagem permanece ocupada pelos animais durante todo o período de produção. Normalmente, nestas áreas há uma baixa taxa de lotação.
Por não haver nesse sistema, um ajuste de oferta com demanda de alimentos, um período de “descanso” para a pastagem se recuperar, e, na maioria das vezes, aliado à ineficiência ou falta de adubação, neste tipo de sistema é possível observar maior ocorrência da degradação de pastagem e do solo, resultando ao longo do tempo, em baixa produtividade.
Diante dessas ocorrências, a intensificação das áreas de fazendas brasileiras, melhorando a taxa de lotação e reduzindo a ocorrência de áreas degradadas, representa uma estratégia que começou a entrar no radar da pecuária brasileira, principalmente devido à necessidade de pecuaristas, como veremos a seguir.
Intensificação da área: solução para a pecuária brasileira aumentar a produção
Pressões ambientais, de mercado e o aumento do conhecimento e da tecnologia (técnicas de recuperação e manejo de pastagens, lançamento de cultivares mais produtivas de pastagens, melhoramento genético do rebanho etc.), são fatores que têm incentivado uma mudança de atitude dentro da pecuária brasileira.
Com isso, um número crescente de produtores estão mudando a forma de lidar com o pasto: produzir mais, em áreas cada vez menores.
Nesse cenário, o pecuarista começa a entender que as pastagens, como toda cultura agrícola, devem ser manejadas, adubadas e receber todos os manejos para melhor aproveitamento. Portanto técnicas modernas de manejo e a busca por tecnologia são essenciais nesse sentido.
Projetos de integração: essenciais para a intensificação da fazenda
Os projetos de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) são grandes expoentes para promover maior intensificação da área de produção. Essa é uma técnica que integra agricultura e pecuária de forma mais econômica e lucrativa e, ao mesmo tempo, ecológica porque:
- Maximizam racionalmente o uso da terra;
- Aumentam a capacidade de suporte da propriedade, permitindo a venda de animais na entressafra e proporcionando melhor distribuição de receita durante o ano;
- Minimizam os custos, diluindo riscos e agregando valores aos produtos agropecuários, com uma atividade proporcionando benefícios à outra;
- Beneficiam áreas de pastagens ou solos degradados, qualquer que seja a escala de produção ou o tamanho da propriedade, observando-se as realidades socioeconômicas e ambientais da região.
Diante disso tudo, fica claro que as possibilidades de intensificação são enormes e mais expressivas do que a abrir novas áreas. Temos espaço, temos clima favorável e temos as condições necessárias para melhorar a produção de forma sustentável e lucrativa.
Melhorando as pastagens que já existem atualmente, a pecuária brasileira pode priorizar a eficiência e ser ainda mais competitiva internacionalmente, sem a necessidade de abrir mais áreas para pastos.
Para entender mais sobre as estratégias de uso das pastagens te convidamos a conhecer as novidades do nosso Blog da Semente (https://www.sementesoesp.com.br/blog/).